vendredi 22 avril 2011

A flor e o escudo



Entrou nessa festa como noutra.

Ele te falou a merda de sempre, te pediu que nimguém lhe tinha ensinado samba, te disse que ele não entendia relações no brasil, que esse negocio de ficantes era muito estranho, que ele queria encontrar alguém de especial, e nessas duas figuras conversando, isso tudo soou terrivelmente romântico, terrivelmente monotono, terrivelmente trivial.

Ele se apaixonou por você, pelo brasil, pelo rio, cariocas são foda, eu sou sinistro. Te convenceu, te convidou ao teatro, te explicou que dar aula numa favela era uma forma de expressão incrivel, que ele não entendia que brasileiros não fizessem isso, e te convenceu. Te convenceu, te deu um beijo, te venceu. Mas so para um momento, que tu te sentistes estranha, falou que o brasil era mais do que simples pais emergente, que sua democracia funcionava, que ele era um outsider, com olhar pretencioso, com olhar de estrangeiro.


Ele te convenceu, mas durante um momento so, e durante esse momento, você compreendeu o processo de sedução, que não era qualquer processo de sedução, mas construido, pensado, experimentado para seduzir essas criaturas meio dominantes meio faceis que são as mulheres brasileiras. Mas esse momento foi bom, e você não mandou ele embora, ficou, com esse momento. E ele entrou outra vez, como a primeira, te falou que amava samba, citou umas frases, não é so você que não tem felicidade, ele disse.

E vocês falaram do brasil, do brasil carioca, no qual tem uma cidade maravilhosa, na qual tem morro, mata e areia, e na qual esses morros, na noite, parecem ser aparições surnaturais. Ele falou que todo cidade é bonita de noite. E você ficou puta, pois não tem cidade como rio de janeiro, mesmo se você não vem do rio, mas da bahia. Você gostou dele, falou que gostou, pois no brasil se fala alto quando se gosta, se ri alto no cinema, se aplaude alto quando o sol adormece na praia.


Ele achou que tinha ganhado sobre você, sobre o brasil que lhe tinha sensualmente tocado a mão. Mas ele ganhou so um momento, que você não deixou mais, que frança ganha sempre o brasil em futebol, mas na vida é diferente, na vida, você tem o controlo da conversa, e faz ele voltar para casa desprezando o seu discurso de sempre, desprezando o jogo, que o jogo é brasileiro, acho.

E ele perdeu tudo, o jogo, você, que você botou o escudo, arma secreta, meio de medo, meio de desgosto. Aquele escudo que você abre, fecha, que é tão bom abrir, mas tão melhor fechar. E deixou ele, esperando seu avião para voltar, cantando ela é carioca, ela é a carioca, e ele entrou no taxi, no aeroporto, no avião. O que ele queria era unicamente sair desse lugar. Ficar deitado no chão, esperando o taxi dela, esperando que o taxi dela evitasse os outros carros indo atras dela, esperando que o taxi dela o esmagaste, ele, na sua rua, do seu rio de janeiro.


Agora eu sou piranha - Gaiola dos popozudas (eu vou pro baile sem calcinha)