mardi 21 juin 2011

A anunciação



O menino foi embora, a menina ficou, ou talvez seja o contrario. O menino estava ai, numa estação de trem, esperando o trem que tinha uma hora de atraso, aquele trem que lhe faria definitivamente voltar. Aquele ultimo rolo, aquele ultimo poema. Aquela viagem assecadora de palavras. Vestindo um chapéu de palha que lhe lembrava là. Pensando naquela foto vermelha, naquele rosto ausente de sorriso. Naquela vazia melancolia. O menino tinha corrido atràs dela um dia, nesse mesmo trem, nessa mesma estação. Tinha arrasgado seu orgão vital com delicadeza, tinha aberto as portas mecânicas da màquina, e a menina tinha ouvido num sopro, "Pega isso; podes quebra-lo se quiseres". E o menino, com seu chapéu de palha, pensou ouvir em retorno, "Fica com ele, jà tenho um assim". E tocou aquele sinal horrivel de partida do trem, gritou a besta, tapou os ouvidos a menina, e o chapéu de palha, pequeno demais para sua cabeça, foi levado pelo vento da partida.


E o menino ficou sozinho na estação. E rapidamente, varios estranhos estavam ao lado dele, mas tinham a pele muito branca, e o cabelo muito loiro, e o riso muito baixo. E o menino se sentou, careca, esperando o trem que tinha uma hora de atraso. Reparando no chapéu que voava no ar.

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